sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um concelho, duas realidades (1): de costas voltadas

Caldas da Rainha é uma cidade semelhante a muitas outras, com um razoável nível de desenvolvimento e, em várias versões, tem tudo aquilo o que as outras tem. Sendo um meio mais pequeno, o relacionamento entre os seus habitantes é, em geral, melhor. O mesmo não se pode dizer do relacionamento com as grandes empresas nacionais fornecedoras de certos serviços - o que é mau à escala nacional é pior à escala das pequenas cidades.
Caldas da Rainha não se esgota, no entanto, na cidade. Ao contrário das grandes cidades, a transição entre a cidade e as áreas não urbanas e rurais faz-se sem os subúrbios degradados. As casas antigas que ainda subsistem, as moradias de habitação permanente e de segunda habitação e pequenos conjuntos de vivendas geminadas (que replicam a aglomeração dos residentes urbanas) começam logo à saída de Caldas da Rainha.
Mas é na ligação entre a cidade e as áreas não urbanas, incluindo-se nestas as várias povoações que não apenas as sedes de freguesia, que existe a linha de separação - Caldas-cidade é uma coisa, Caldas-fora da cidade é outra. E os residentes urbanos, sobretudo os das pequenas elites locais (nomeadamente as políticas, sociais e culturais), vivem de costas voltadas para as áreas rurais e para as freguesias.
Esta situação - a que nos referiremos amanhã - cria uma divisão inquestionável no concelho: são dois mundos quase diferentes.
A única paisagem não citadina que os caldenses urbanos conhecem é a Via Rápida que leva à discoteca Green Hill e à Foz do Arelho.

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