segunda-feira, 30 de abril de 2012

As eleições autárquicas de 2013 (2)

Há três pontos da entrevista do ministro Miguel Relvas à "Gazeta das Caldas" que convém salientar:

"Atualmente, uma freguesia com 100 habitantes tem as mesmas competências próprias que uma freguesia com 10.000 habitantes. Para nós, este modelo tem que ser alterado. É importante ter presente que as freguesias com maior dimensão e, por isso, com mais recursos e estruturas mais avançadas, poderão receber mais competências do que aquelas que não têm escala para o efeito.
Esta agregação de freguesias garante a continuidade do serviço público. Os edifícios, nomeadamente as sedes, que hoje fazem parte do acervo patrimonial das freguesias manter-se-á ao serviço das pessoas e o seu destino será da exclusiva competência dos órgãos da nova junta de freguesia resultante da agregação.
(...)

Esta reforma respeita o direito ao nome, aos símbolos, à História e à cultura das autarquias agregadas. O surgimento de novas freguesias deve consagrar uma agregação de territórios mantendo-se a identidade histórica e cultural das comunidades locais. A respectiva designação deverá ser escolhida com base numa ampla discussão entre cidadãos e os seus representantes nos órgãos autárquicos de freguesia e municipais. As Assembleias Municipal, enquanto órgão mais representativo do município, nas quais fazem parte integrante, de pleno direito, os Presidentes de Junta, são convocadas a pronunciar-se sobre qual a melhor forma de reorganizar o seu território, observando, naturalmente, os parâmetros de agregação.
(...)
A reorganização do território implica actualizar um mapa administrativo que já leva 150 anos de existência, mas importa deixar bem claro que as freguesias não vão acabar. Queremos alargar as suas atribuições e os seus recursos financeiros. O que se trata é de aprofundar e dignificar a capacidade de intervenção das juntas de freguesia para melhorar os serviços públicos de proximidade prestados às populações. O nosso compromisso de reorganizar o Estado tem como objectivo fortalecer o País. Isto significa que todos os portugueses continuarão a ter o seu presidente de junta de freguesia e a poderem resolver os seus problemas no local onde vivem. O que muda é a forma como o território será organizado e gerido através de uma associação dos órgãos políticos de freguesia que dará mais poderes aos presidentes de junta. O Governo conta com os autarcas de freguesia como 'os homens bons e honrados' das suas terras."

Ou seja: as freguesias não vão acabar, a agregação de freguesias (expressão que substitui agora a "fusão de freguesias", que podia dar uma ideia de descaracterização) pode aproveitar melhor os recursos existentes, as suas sedes podem, e devem, albergar serviços que melhor sirvam os cidadãos da nova freguesia e os respectivos presidentes são convidados a dar o seu contributo à reforma que vai ser feita e que deve ser pormenorizada, e debatida, no âmbito das assembleias municipais.
A clareza desta entrevista mostra, por outro lado, o grotesco de que se revestiu o protesto estapafúrdio das juntas contra a redução do número de freguesias, cujos presidentes agiram como se os órgãos autárquicos que são preenchidos por eleições universais e directas fossem coisa sua, apropriando-se, na prática, de instalações e de veículos que só estão ao seu serviço por delegação através do voto do povo.
A reforma da administração local não pode ser feita aos berros e deve ser amplamente debatida por todos e pelas assembleias municipais.
Nesta perspectiva seria natural que os partidos representados na Assembleia Municipal (e nomeadamente o PSD) e este mesmo órgão promovessem uma consulta pública, com reuniões prévias nas freguesias e centralmente na própria cidade, para debater o futuro do concelho.
A base já existe, segundo escreve ainda a  "Gazeta das Caldas" aqui: "Em relação às Caldas da Rainha, por exemplo, o munícipio teria que reduzir de 16 para 10 freguesias, de acordo com os cálculos avançados pelo vereador Tinta Ferreira. 'Mas ainda é possível fazer propostas que devem ser bem fundamentas e possam apresentar outros números', referiu o vereador. O que quer dizer que a lei final não tem critérios tão rígidos e tudo dependerá da proposta que cada uma das assembleias municipais apresentar. Também não estão identificadas as juntas de freguesia a serem agregadas."
Portanto, está quase tudo em aberto. Quem é abre o debate?

domingo, 29 de abril de 2012

As eleições autárquicas de 2013 (1)

Um meu inimigo de estimação, que revela por insultos e ameaças o seu mau carácter quando me refiro criticamente (pois de que outro modo o posso fazer, se não tenho a mais pequena ponta de consideração por essa odienta criatura?!) a um certo presidente de junta de freguesia, desafia-me sempre a candidatar-me a um órgão autárquico quando falo em eleições autárquicas, como se não houvesse mais nada no mundo.
Convém repetir, mais uma vez, que não tenciono, não quero nem desejo candidatar-me a nenhum cargo político, mesmo no âmbito autárquico.
Para relativa satisfação de alguns dos meus leitores que ficam tão enervados com o meu anonimato mas que podem agora ficar a saber mais alguma coisa se utilizarem a inteligência que Deus lhes deve ter dado, devo declarar o seguinte:
1 - já fui deputado à Assembleia da República nos anos 80 e considero por isso que o meu dever político para com o meu país está cumprido;
2 - a presidência da Junta de Freguesia da Tornada, onde resido, está bem entregue e não precisa por enquanto de outra pessoa (ao contrário da junta de freguesia de que é proprietário esse meu inimigo de estimação).
Posto isto, a partir de amanhã ocupar-me mais em profundidade das eleições autárquicas de 2013, começando pela entrevista de Miguel Relvas à "Gazeta das Caldas".

sábado, 28 de abril de 2012

As eleições de 2013, a entrevista de Miguel Relvas e a hora dos independentes

Está na hora de os cidadãos independentes começarem a pensar nas próximas eleições autárquicas. Esta entrevista do ministro Miguel Relvas à "Gazeta das Caldas" tem elementos úteis para uma reflexão e o movimento encabeçado por Teresa Serrenho (o MVC) tem a obrigação cívica de dinamizar o tema no concelho, na cidade e fora dela.
Voltarei ao assunto (com a análise da entrevista.)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Com as calças na mão

É o que se costuma dizer de quem, como o vereador e putativo candidato a candidato à Câmara das Caldas Tinta Ferreira, ficou assim, no gesto interrompido, como o mostrou a "Gazeta das Caldas" com sentido de oportunidade:

"... Perante estas circunstâncias, vou voltar a colocar e hão-de vir cá funcionários da Câmara!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Turismo do Oeste nunca promoveu a Foz do Arelho

É o que diz o presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, Fernando Horta, ao "Jornal das Caldas": "Uma campanha de divulgação da Foz é sempre bem vinda e a junta não tem capacidade de a fazer. Sou presidente da junta há seis anos e já contatei a região de turismo por várias vezes e nunca obtive qualquer resposta”.
Eu também nunca vi nenhuma promoção da praia da Foz do Arelho nas coisas que saem do Turismo do Oeste e esta observação, feita a propósito do final desta fase de dragagens e com a esperança de uma época balnear mais favorável, é suficientemente elucidativa para que se pergunte, mais uma vez, o que anda a fazer o ainda director do Turismo do Oeste e os seus entusiásticos apoiantes das Caldas.
Para que serve uma defesa tão assanhada dessa coisa sem préstimo que é o Turismo do Oeste aqui nas Caldas se ele nem liga - como a maior parte da elite citadina do concelho - às verdadeiras potencialidades turísticas da região?

O cancro das juntas de freguesia

As juntas de freguesia e as assembleia de freguesia, que reproduziram a lógica da democracia parlamentar a nível nacional, serviram, depois do 25 de Abril, para aproximar o poder local (uma terminologia de contra-poder inventada pelos comunistas) das populações. Adeus, regedores e caciques locais da ex-União Nacional. Os novos servidores do povo, renovados e legitimados por eleições em regra livres, iriam pôr directamente a política ao serviço do povo.
Esta perspectiva era, e em parte ainda é, positiva.
Os cidadãos mais cultos, mais hábeis, mais "desenrascados", mais sábios e com melhores apoios partidários puderam ocupar paulatinamente esses órgãos, nomeadamente as juntas de freguesia, e "trabalhar" com o povo. O problema é que não o deviam fazer sempre mas, por um lado, em muitos casos não havia quem estivesse disposto a substituí-los e, por outro, embora os ganhos directos fossem reduzidos, o cargo de presidente da junta garantia maiores e mais vastos conhecimentos e... mais negócios.
Com um regime de incompatibilidades muito elástico, os presidentes das juntas de fregusia - sejam canalizadores, advogados, empresários ou funcionários públicos -ganham em notoriedade e, sempre, em clientes, a cada momento ou para o futuro. E se a essa capacidade puderem associar uma boa capacidade de acesso aos órgãos e aos serviços municipais... então é como se lhes saísse a sorte grande.
O exercício potencialmente perverso destas pequenas e médias traficâncias de influências e corrupções pode ser contrariado, ou quase combatido, pelo regime de limitação de mandatos. Mas talvez seja mais eficazmente combatido com a redução do número de freguesias e o alargamento da base territorial (e naturalmente social, económica e cultural) das respectivas freguesias.
Quebrado o isolacionismo e o controlo quase feudal das populações, o escrutínio democrático dos presidentes das juntas torna-se mais fácil e mais directo e a capacidade de intervenção das autoridades policiais melhora.
A redução do número de freguesias é uma medida de inegáveis efeitos positivos em termos de gastos do Estado e as populações e os autarcas honestos deviam estar já a preocupar-se sobre a maneira de adequar os interesses legítimos de cada região a essa reorganização.
Os presidentes das juntas de freguesia que têm mais a temer, e que olham para cargos eleitos como se fossem coisa sua (sendo levados a praticar, muito objectivamente, o crime de peculato), é que não fazem mais do que protestar e de berrar histericamente contra a iminente perda de todos os seus privilégios.
Que, repete-se, só são seus por delegação do voto constitucionalmente soberano das populações.
Estes presidentes de junta transformaram-se em cancros que têm de ser removidos e é natural que o seu afastamento, por efeito da limitação de mandatos ou da redução do número de freguesias por castigo político, permita também descobrir os motivos que os fazem agarrar-se aos seus "tachos" com unhas e dentes.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Duas oportunidades de progresso para o interior

O interior do País, onde obviamente a crise também chega, vive, não obstante, uma época de oportunidade e a dois níveis.
Um deles é o turismo. E esta é, talvez, a maior e a mais lucrativa indústria que Portugal pode ter.
A costa de mar, o tempo ameno, o sol, os campos e as florestas do interior, a gastronomia, o património histórico e as manifestações culturais são elementos que, harmonizados e valorizados, podem atrair o turismo externo e interno e gerar riqueza, nacional e regional, e emprego.
Para isso é necessário perceber bem o que existe para mostrar e oferecer, promover, dar a conhecer, pensar que são turistas dignos tanto os jovens de mochila como os séniores que procuram o golfe e os empreendimentos megalómanos e os blocos de apartamentos à moda do Algarve não são o que querem ver os turistas que têm maior mobilidade e, por vezes, dinheiro para gastar sem grandes problemas.
Não é com birras regionalistas de sultões e caciques locais ou com os olhos cravados nas pedras das ruas sujas da cidade que se progride neste domínio. O futuro não é isso.
A outra oportunidade é a migração para o interior.
Com as condições de vida mais degradadas e mais caras nas maiores cidades e nos seus subúrbios (sobretudo em Lisboa), o interior oferece hoje, para residir em definitivo ou como habitação temporária, possibilidades muito razoáveis de melhoria da qualidade de vida e, em numerosos casos, oportunidades de emprego. Em tudo o que há por fazer a nível da oferta turística e porque mais residentes significam maior consumo de bens e de serviços locais.
Desde as lojas da cidade aos supermercados, passando pelas lojas de produtos alimentares e de outros bens de primeira necessidade das freguesias e pelas empresas de serviços do sector da construção, todos têm a ganhar com os novos residentes.
Mas para que tudo isto possa acontecer é necessário que as mentalidades se alterem. Politicamente, socialmente e culturalmente.
Os órgãos locais, das câmaras às juntas de freguesia, têm de criar condições para acolher os novos residentes, para lhes dar a conhecer as realidades de cada região, as suas potencialidades e os seus pontos mais interessantes, os serviços que prestam e os elementos sobre os quais podem fornecer sugestões e conselhos. Sem gestos de hostilidade, sem exigir que os recém-chegados aceitem à viva força as tradições de cada comunidade que, muitas vezes, nem sequer lhes são apresentados.
Não basta, por exemplo, lançar às casas os miúdos da freguesia a pedir dinheiro para uma festas que terão começado por ser religiosas sem dar em troca um folheto que explique o que são e o que integram essas festas. E não é sequer normal que se berre a quem manifesta as suas dúvidas sobre algumas práticas vagamente sectárias que se deve ir embora porque "quem está mal muda-se".
Os novos residentes, em interacção com os residentes originais, contribuem sempre positivamente para o rejuvenescimento e para o progresso das regiões mais isoladas. Quando os seus naturais se consideram proprietários das vias de acesso, do ar, do sol e até do mar o estão a condenar-se a eles próprios e às suas famílias a um futuro sombrio.

Do produtor directamente para o consumidor

O projecto Prove (aqui) é uma plataforma de produtores agrícolas que vem directamente, sem intermediários, aos consumidores. Em princípio, os preços serão mais baixos e os produtos poderão ser melhóres do que muitos que nos chegam nos supermercados, sujeitos a temperaturas demasiado baixas durante demasiado tempo e provenientes de explorações industriais de onde as frutas saem mais bonitas do que saborosas.
Organizado por núcleos regionais, o Prove já está em vários distritos mas no Leiria não há nada.
Talvez os pequenos produtores do nosso concelho pudessem prestar alguma atenção a isto. Ficávamos todos a ganhar.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A reforma das autarquias já começou

Por enquanto é nas câmaras. As juntas de freguesias não hão-de escapar...

Ascendi condenada por danos provocados por invasão de javalis na A25

Esta não é, tanto quanto me parece, a primeira decisão judicial que condena a concessionária de uma autoestrada pelos danos provocados pela entrada de animais na via que é de sua responsabilidade.
O acidente ocorreu em 21 de Setembro de 2007, na A25, também conhecida como Autoestrada Aveiro/Vilar Formoso, cuja concessionária é a Ascendi, quando um camião embateu numa vara de javalis. O processo terminou no Tribunal da Relação de Coimbra, com a Ascendi condenada a pagar 1165 € ao lesado. A Ascendi aceitou o acórdão e não recorre.
As concessionárias das autoestradas esforçam-se por fugir com o rabo à seringa nestas e outras circunstâncias. Se as pessoas afectadas começarem por chamar as autoridades e não desistirem de reclamar os seus direitos, as concessionárias acabarão por perceber que têm de assumir as responsabilidades que lhes cabem, de uma maneira ou de outra.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Insultos e ameaças

Para ilustração pública e para que não digam que eu não publico as coisas de que não gosto, aqui ficam alguns insultos e ameaças que recebi nos últimos dois dias, provenientes, especialmente, de um determinado endereço de IP. Há uns piores e outros mais suaves mas estes talvez sejam os mais representativos:

"Fique acordado porque pode lhe ainda acontecer alguma coisa durante a noite",
"vamos pôr-te a polícia no encalso, nunca mais tens sossego",
"Tenho uma ideia fantástica, e que tal arranjar uma vida e deixar de perseguir e dizer calúnias sobre pessoas de bem, Insultuoso e falta de ética é o que você e o Sr. Anónimo estão a fazer a esta freguesia através deste blog",
"bloqueamos-te a merda do blogg",
"este blog está cadavez mais estupido, pois só fala de mer.. não sabe falar de coisas com interesse", "estão a falar de foguetes e logo falam de erros ortograficos...o curso do sr. manguito secalhar foi tirado como o do socrates",
"ES MESMO FILHO DA P..............ENERGÚMENO TROLHA TRAMBOLHO",
"eu conheço pessoas que estão no julio de matos mais inteligentes que tu".

E talvez seja bom serem aqui publicados não vá ser afectada, magoada, atacada, difamada ou ferida alguma pessoa que pensam ser o autor deste blog porque agora já me confundem com mais do que uma pessoa residente na freguesia da Serra do Bouro, onde - convém repeti-lo - não resido e, depois disto, não sei se teria vontade de residir. Portanto, já agora, também não vale a pena insistirem para eu me ir embora porque também não estou aí. Estão a perceber bem?

Uma pergunta muito directa ao presidente da Junta de Freguesia da Serra do Bouro...

... que aqui se repete, com o devido destaque, para que o advogado Baltazar Jerónimo não diga que não percebeu:

Dada a situação de acumulação da função de presidente da Junta de Freguesia com a função de representante dos investidores do projecto turístico inventado no âmbito do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, cujos interesses pouco coincidem com os interesses dos habitantes da Serra do Bouro, o que faria o ilustríssimo autarca se esses seus clientes (de quem recebe dinheiro), ou os hipotéticos clientes dos seus clientes, protestassem contra o foguetório? Também lhes responderia que "quem está mal muda-se"?

Não vai deixar de responder, pois não?

domingo, 22 de abril de 2012

Algumas conclusões sobre a Guerra dos Foguetes das festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro

Durante alguns dias, e a propósito dos posts Foguetes na Serra do Bouro: vingança em vez de bom senso e Ainda os foguetes na Serra do Bouro: o perigo das canas é fixe e "para que é que vêm para cá"? estabeleceu-se neste blog um debate interessante sobre o que pode ser apropriadamente designado por Guerra dos Foguetes, a propósito dos excessos fogueteiros ocorridos durante mais uma edição das festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro.

Os comentários publicáveis foram publicados, alguns (poucos, felizmente) tiveram de seguir directamente para o lixo. É possível tirar algumas conclusões e elas aqui estão:

1 - A questão inicialmente suscitada foi a dos foguetes e, muito simplesmente, o perigo da queda das suas canas nas propriedades dos habitantes da freguesia por eles serem lançados em áreas residenciais. Nenhuma das pessoas que se queixaram desta prática criticou a motivação das festas ou o seu formato e até se declararam de acordo com as festividades. No entanto, essas pessoas foram alvo de gestos no mínimo discutíveis e acusadas mesmo de estarem a ser contra a "tradição".

2 - É interessante verificar que, no lado oposto, a opção generalizada foi a da defesa do lançamento dos foguetes nos moldes em que isso tem sido feito, como se essa prática "tradicional" fosse a única coisa realmente significativa das festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro. E houve, inclusivamente, quem se referisse com alguma excitação ao aliciante de ter as canas a caírem do céu... como se isso fosse um desporto radical.

3 - Não vi, e nenhum leitor conseguirá ver, nos argumentos dos que defendem a "tradição" dos foguetes uma palavra que seja em defesa dos eventuais outros méritos das festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro. Religiosidade, convívio, comunhão, devoção... nada disto lhes parece interessar. Pode supor-se que estas festas perderam qualquer motivação que tenham tido?

4 - Além disso, a polémica obriga a fazer uma pergunta: em que medida é que o foguetório é pertinente para o objectivo com que as festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro foram concebidas?

5 - A defesa da "tradição" foguetória tem sido sempre acompanhada, muito abertamente e como argumento único, do convite à saída - senão mesmo à expulsão - dos "forasteiros" que não concordam... com o lançamento de foguetes. Como se a pirotecnia fosse tudo aquilo a que a freguesia se resume. Infelizmente, os fogueteiros e os seus adeptos não parecem perceber que a entrada de novos habitantes nas freguesias do interior faz, pelo menos, com que aumentem as receitas dos órgãos municipais e de quaisquer actividades comerciais, e até, industriais, do concelho e da freguesia, como acontece, por exemplo, com a construção civil, que só verdadeiramente poderá prosperar se tiver trabalhos a fazer na consolidação dos solos, no erguer de casas, na reparação e manutenção de habitações.

6 - A perspectiva quase proto-fascista do "quem está mal muda-se" chegou a ser assumida, no ano passado, pelo presidente da Junta de Freguesia (o que também suscita dúvidas legítimas sobre a qualidade humana, política e cultural de uma criatura que assim aja na sua função autárquica). Ao invés de tentar serenar os ânimos e de contribuir para encontrar um clima de harmonia, a pessoa em causa juntou-se aos fogueteiros. Não brandiu armas em defesa da festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro mas sim em defesa da "tradição" dos foguetes. Este ano, aparentemente, calou-se... pelo menos em público. Continua a preferir a "tradição" dos foguetes e parece que não sabe, ou não quer, terçar armas a favor das verdadeiras tradições da freguesia.

7 - E há uma pergunta que deve fazer-se. Dada a situação de acumulação da função de presidente da Junta de Freguesia com a função de representante dos investidores do projecto turístico inventado no âmbito do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, cujos interesses pouco coincidem com os interesses dos habitantes da Serra do Bouro, o que faria o ilustríssimo autarca se esses seus clientes (de quem recebe dinheiro), ou os hipotéticos clientes dos seus clientes, protestassem contra o foguetório? Também lhes responderia que "quem está mal muda-se"?

8 - Finalmente, a expressão de opiniões tão extremadas e a manifestação de atitudes dos fogueteiros em defesa de uma coisa tão absurda como uma eventual tradição pirotécnica da freguesia fez com que as festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro se transformem numa festa... de foguetes. E a prova provada é o facto de qualquer pesquisa no Google, ou noutro qualquer motor de busca, sobre as festas de Nossa Senhora dos Mártires na Serra do Bouro ir dar à sua Guerra dos Foguetes. Os fogueteiros conseguiram garantir uma bela dose de publicidade e de notoriedade negativas às festividades que quiseram "abrilhantar"... da pior maneira.


Tudo o que escrevi sobre a Guerra dos Foguetes pode ser consultado aqui.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"Jornal das Caldas" com site novo

´... Aqui, aparentemente ainda em testes mas indubitavelmente mais interessante, com melhor aspecto e mais arrumado e já sem dar o aspecto de ser uma mera afixação das notícias da edição em papel. Parabéns!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ainda os foguetes na Serra do Bouro: o perigo das canas é fixe e "para que é que vêm para cá"?

Merece destaque um comentário (sobre Foguetes na Serra do Bouro: vingança em vez de bom senso ) de um leitor que assina com nome (Gonçalo Horta) sobre os foguetes perigosos das festas da Serra do Bouro e com o qual eu (como decerto qualquer pessoa de bom senso) discordo em absoluto: o perigo associado ao lançamento de foguetes até será "fixe" (linguagem adequada à idade do comentarista) e "quem está mal muda-se".
O comentário é publicado na íntegra e tal como aqui chegou:

Esta festa em honra da Srª dos Mártires já tem aproximadamente um século e meio de existência e durante todo este tempo se realizou da mesma forma, todos os moradores TÊM NOÇÃO DO PERIGO DOS FOGUETES DEITADOS NA VOLTA COM A BANDA não precisamos que venham, os intitulados, senhores lá da vossa terra, dar noções do que quer que seja para a terra dos outros, faz parte da tradição assinalar a passagem da banda com o lançammento de foguetes mesmo com o perigo que representa. O que me mete um pouco de nojo é que estes auto-intitulados senhores pensam que vêm para a terra dos outros, que até aqui viviam e faziam as festas em harmonia, ditar regras porque a lei manda ou por mera MESQUINHICE. Porque estes senhores quando vieram viver para a Serra do Bouro ja eu tinha 16 ou 17 anos hoje tenho 28 e a festa da Senhora dos Mártires ja se realizava há mais de 100. Porque é que só agora é que há problemas e desentendimentos, ainda por cima causados por pessoas que, felizmente, não têm absolutamente nada a ver com a nossa tão estimada fraguesia! Se a nossa freguesia é tão má quanto a descrevem neste blog continuo sem perceber porque é que continuam lá a viver...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Já se sabe para que servem as obras na "rotunda do Greenhill"

As obras aparentemente clandestinas na Foz do Arelho são de "requalificação" (o palavrão autárquico que serve para tudo, da reparação dos urinóis públicos à recolocação de pedras na calçada) das arribas e foram encomendadas pelo vereador Hugo Oliveira, segundo conta hoje o "Jornal das Caldas" (sem link) três semanas depois de termos abordado o assunto.

Uma tragédia humana bem contada no "Jornal das Caldas"

O "Jornal das Caldas", pela pena de Francisco Gomes (sem link), publica ma boa reportagem sobre o começo do julgamento, em Peniche, da mulher de 64 anos que matou a tiro o proprietário da churrasqueira vizinha de sua casa em Maio do ano passado.
É um retrato bem escrito e com fotografias pungentes de um drama humano cruel onde, se parece não haver dúvidas sobre quem praticou o homicidio, ficam apontamentos de vidas de uma forma ou de outra destruídas.
O que levou a mulher a matar? Que ameaças terá havido de parte a parte? Quem é que, com a sua intolerância, precipitou uma coisa destas? Talvez nunca se saiba, nem em sede de julgamento. Mas espero que Francisco Gomes nos vá contando o que se passa no julgamento

Escola Bordalo Pinheiro: é de esperar que com o luxo acabe o lixo...

"Instalações de luxo" - é como titula na primeira página (sem link) o "Jornal das Caldas" a reportagem que faz sobre as obras na Escola Secundária Bordalo Pinheiro, a cargo da Parque Escolar que, como sabemos, foram "uma festa" mas que, nesta escola, deixaram algumas críticas e queixas.
É de esperar, no entanto, que o luxo das instalações desta escola sirva para acabar com o verdadeiro lixo que são as atitudes imbecis e malcriadas dos familiares dos seus alunos, que ocupam a via pública para mostrar as viaturas e/ou fazerem de choferes dos meninos à saída das aulas.
No fundo, mais do que "instalações de luxo", talvez desse mais jeito à escola um parque de estacionamento para as seus "clientes"...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Restaurante Red Bouche - aplausos!

Há cerca de um ano, critiquei - respeitando os motivos invocados - a opção da "Gazeta das Caldas" de não incluir os preços dos restaurantes que apareciam em algumas crónicas que, ainda por cima, seleccionavam quase só estabelecimentos de preços acima da média.
Com crise ou sem crise, essa informação é essencial para o consumidor que não deve ser apanhado de surpresa. É para isso que existem as ementas, na maior parte dos casos afixadas à porta dos estabelecimentos. Esta tendência, no entanto, rareia nos sites dos restaurantes.
Não posso, por isso, deixar de aplaudir o Red Bouche (com site aqui), que apresenta a ementa completa e a lista de vinhos com os preços bem especificados. É de aplaudir e hei-de lá voltar só por isso (já conhecia o Charbonnade, de que me parece ser herdeiro o Red Bouche).
Tal como são de aplaudir duas iniciativas: a de permitir que os clientes levem à segunda-feira a sua bebida (prática infelizmente muito rara entre nós e que bem devia generalizar-se) e de convidar os "chefs" domésticos a irem mostras as suas qualidades culinárias.
Os pormenores, com fotografias, estão todos no site.
Longa vida ao Red Bouche e que não desista!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Foguetes na Serra do Bouro: vingança em vez de bom senso

Eu bem tive a esperança de que os fogueteiros da Serra do Bouro demonstrassem algum bom senso e um mínimo de respeito cívico pelos outros. Não foi, afinal, o que aconteceu, segundo o testemunho que me chegou dos residentes na freguesia que, há um ano, tinham sido ameaçados pela queda dos foguetes:

(...) De um modo geral, as pessoas meteram na cabeça que não queremos foguetes, ponto final. Não apuraram a curiosidade para saber a verdade. Contaram-lhes de forma desentendida e foi passando a história de forma cada vez mais desentendida e apurada pela maldade.

E eis que:
- Os foguetes têm sido lançados da zona de lançamentos, a quantidade lançada diminui.
- A música baixou de tom, subiu um pouco de nível, melhor ainda: não toca o dia todo. Não se ouviu antes dos dias da Festa.

Até aqui tudo se tem cumprido e ficamos satisfeitos porque demonstram  que tínhamos e continuamos a ter razão, e mesmo contra a vontade, cumpriram o que se tem e se deve de cumprir enquanto cidadãos. Mas a guerra não acabou, tal como suspeitávamos.

- Na sexta-feira por volta das 3 da manhã, passaram dois carros à minha porta a apitar e a acelerar....
- No sábado de madrugada aconteceu de novo, desta vez ouvia-se uma voz masculina a dizer "Filhos da P...."
- Hoje de madrugada a mesma coisa: Apitar e acelerar  e passado uma hora repetiram o feito.
Identificamos as viaturas, um preto e um vermelho, esperando não ser necessário apresentar queixa. Ainda pensámos que fosse dos efeitos do álcool...mas agora temos praticamente a certeza que foi intencional.

Hoje quando a banda passou à minha porta, estávamos nós a assistir como o fazemos todos os anos quando por cá estamos, e....FEZ-SE SILÊNCIO INCÓMODO. A banda deixou de tocar enquanto passava à minha porta,  Um dos "leaders" (penso que da comissão, devem ser os que vão à frente da banda) olhou para mim com ar de desafio e depois de passarem a minha casa, dois desses mesmos elementos foram dar explicações do sucedido à minha vizinha que vem passar cá o fim semana ocasionalmente, sendo esta a sua casa de "férias". Explicaram que fizeram isto em RETALIAÇÃO ao sucedido, convidando-a a ir às restantes festividades, continuando a olhar na minha direcção enquanto conversavam entusiasmados com a minha vizinha e amiga.

Antes disto, o meu marido estava a filmar a banda que ainda tocava e de repente deixou de tocar, mesmo assim contribuiu, pois acreditamos que estes festejos são importantes para a identidade das localidades e devem ser mantidos e para isso é necessário a contribuição dos que dela fazem parte. Antes de passar a banda, passou o cortejo de carros (também em silêncio) dos moradores do qual fazia parte também o presidente da Junta de Freguesia. Alguém instrumentalizou todo este cenário, pois demonstra uma atitude planeada, nada condizente com o ar juvenil da "Comissão", porque o esperado seriam os insultos verbais o que levaria a uma queixa e consequentemente às devidas consequências. Mas dentro da inteligência revelada para este plano, demonstra também um plano de vingança e descrédito da nossa pessoa.

Moral: Estamos contentes e satisfeitos porque os nossos objetivos foram alcançados: Este ano cumpriram,  as regras e normas definidas pela lei para estas situações, as mesmas que foram o motivo do descontentamento e preocupação que fizemos questão em demonstrar o ano passado. Estamos contentes e satisfeitos porque com esta atitude contribuímos para a SEGURANÇA DE TODOS, inclusivamente para aqueles que estão contra nós, nem sabem bem porquê. Deixamos tudo sempre bem claro para todos aos que se dessem ao trabalho e cuidado de se informarem devidamente sem primeiro fazer conjecturas "porque ouviram dizer que.... "
Estamos contentes e satisfeitos porque assistimos à passagem do cortejo em total segurança, segurança estendida aos nossos bens e até merecemos "a honra" do SILÊNCIO, que demonstrou que nos deram muita importância! Graças a Deus para bem deles e de todos.

Não podemos deixar de relevar que sendo esta uma celebração católica, feita 8 dias após a lembrança da crucificação e ressurreição de Cristo ao qual estão associadas as virtudes da bondade da tolerância, compreensão e compaixão ficou demonstrado pelas pessoas que fazem parte da organização destes festejos, a total ausência destes valores mostrando contrariamente a estes valores católicos e cristãos, a vontade de vingança irracional e primária, e a pura maldade, pessoas estas que estarão na missa e seguirão a Nossa Sra. dos Mártires na procissão pela nossa Freguesia. Merece que se diga "Perdoai-lhes, Senhor, que não sabem o que fazem" pois o que pretendiam era mesmo crucificarem-nos. Hoje, enquanto esperávamos a saída da N.Sra. da igreja no largo da mesma, fomos fuzilados com olhares, daqueles que nada sabendo, julgam. Viu-se assim um sentimento hipócrita e salvo raras excepções fomos cumprimentados com "medo/vergonha?" .

Resta dizer, que pensamos que a zona de lançamento foi mal escolhida em termos de segurança, localizada muito do perto da faixa da rodagem,  que ainda por cima, tem, por esta altura o volume de tráfego aumentado, não esquecendo que a escolha da zona, que teria de ser feita, forçosamente, com alguma antecedência não previa a aproximação de zonas florestais, considerando que ainda há duas semanas as temperaturas elevadas impunham um risco de elevado de incêndio.

Este relato impressiona.
A seguir, o que vai acontecer? Vão estes "cristãos" dos foguetes atacar com armas de fogo os que não estão de acordo com eles?
Entretanto, há que registar o silêncio do presidente da Junta de Freguesia da Serra do Bouro.
Álvaro Baltazar Jerónimo pode fazer de conta que nada tem a ver com as festas e com os fogueteiros. Mas tem.
E, como advogado, tem a obrigação de perceber os ilícitos que estão em causa e a ameaça à paz social que se gera numa circunstância destas. Como presidente de junta, tem obrigação de tratar de igual modo todos os residentes na freguesia.
O ano passado juntou-se ao coro dos "quem está mal, mude-se". Este ano parece ter-se calado. Portar-se-ia da mesma maneira se fossem os seus clientes do empreendimento turístico do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, que querem comprar a freguesia, a protestarem?

domingo, 15 de abril de 2012

O nosso IRS pode ajudar associações da região

O "Jornal das Caldas" publica aqui as associações do concelho que podem receber uma parte do IRS que pagamos. É uma forma de ajudar que, infelizmente, não se estende a todas as freguesias.

O cão da João de Deus Valongo continua afinal prisioneiro e maltratado

Afinal, o cão que João de Deus Valongo mantém prisioneiro no seu estaleiro da Serra do Bouro tem apenas uma espécie de liberdade condicional, sendo autorizado a estar cá fora apenas aos domingos. Quem passar pelo local, pode ver aliás o simpático animal por detrás da rede, nada agressivo, grande e aparentemente já nem muito novo.
Será que o "magnânimo" João de Deus Valongo gostaria de estar encarcerado durante seis dias por semana num cubículo apertado e exposto a todas as condições metereológicas e ser libertado apenas por um dia? É pena que ninguém lhe faça isso...
Portanto, enganei-me (infelizmente) e aqui fica a triste correcção: este cão ainda continua sujeito a um tratamento maldoso e desumano.´

sábado, 14 de abril de 2012

Bom senso... e boas festas!

Faz agora um ano que rebentou uma polémica local a propósito do uso descontrolado de foguetes nas festas da Serra do Bouro e que se prolongou até Julho, revelando o chauvinismo e a xenofobia do presidente da respectiva junta de freguesia e levando mesmo à retirada de uma notícia on line do "Jornal das Caldas" e dos comentários, muitos deles estupidamente ofensivos, nela publicados.
O problema foi levantado por residentes da Serra do Bouro que se sentiram ameaçados pelas canas dos foguetes que lhes caíram em casa, o que também revelou a despreocupação que os animadores da festa demonstravam pela segurança pública. E a resposta dos fogueteiros dividiu-se entre o "quem está mal muda-se" e o insulto imbecil, bem sabendo eles que não só não tinham razão como estavam já a cometer diversos ilícitos.
Espero que este ano prevaleça o bom senso e que os fogueteiros controlem melhor os seus foguetes, os das canas e os foguetes tipo puns que lhes saem das bocas.
Quanto ao resto, votos de ... boas festas.

Tudo o que escrevi sobre a "guerra" dos foguetes pode ser consultado aqui.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um monumento ao mau gosto


Como nem toda a gente consegue perceber a ironia, vamos falar muito a sério: este bocado árido de terreno na Estrada Atlântica, sem qualquer protecção contra o sol e contra os escapes dos automóveis, com três mesas desconfortáveis e alguns bancos ainda mais desconfortáveis, onde não se soltará nenhuma criança porque nunca se sabe se elas podem correr de repente para a estrada e com um conjunto de cores absolutamente piroso, é um monumento foleiro ao mau gosto e uma inutilidade que deveria fazer envergonhar os residentes do local e da freguesia onde a coisa foi feita.
Este grotesco "parque de merendas" devia ser objecto de estudo na ESAD, como amostra do que não se deve fazer. Mas é natural que, como a restante elite das Caldas que não sabe o que existe fora da cidade, os artistas e os sábios da ESAD desconheçam a coisa.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A falta de pontaria dos "turistas" da elite das Caldas

Portugal tem um dos mais amenos climas da Europa numa zosta de mar que vai de Norte a Sul.
E este concelho, o concelho de Caldas da Rainha, tem toda a sua zona ocidental praticamente voltada para o Atlântico. Tem uma estrada em razoável bom estado que começa na Lagoa de Óbidos e que só termina, verdadeiramente, à vista da baía de São Martinho do Porto e num ponto onde há uma zona de praia simpática e aprazível que é a de Salir do Porto. Dessa via vê-se sempre o azul do mar, vêem-se as Berlengas e o porto de Peniche e há caminhos, não muito inseguros, por onde é possível chegar ao oceano. E até há um miradouro que - demonstrando a capacidade de estragar de muito boa gente - está estupidamente tomado de assalto pelo chico-esperto do cigano que lá plantou a rulote.
A magnífica costa atlântica das Caldas é que é o grande património natural e turístico da região e, aliás, foi esse o chamariz do "elefante branco" do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica. E devia ter pontos mais aprazíveis do que cafés e restaurantes em ruínas e toneladas de lixo, incluindo a publicidade pendurada das árvores.
Há poucos dias, o ex-vereador e distinto membro da elite das Caldas Jorge Mangorrinha, um dos muitos que desconhecem em absoluto o que existe para lá das muralhas da cidade, defendeu que "a marca das Caldas da Rainha deve estar focada no Hospital Termal, na Praça da Fruta, na tradição artística ligada à arte cerâmica, na escola de Artes (ESAD) e na área verde de cerca de 30 hectares no seu centro urbano histórico". (Os pormenores do disparate encontram-se aqui.)
É uma rematada tolice, infelizmente não muito diferente das tolices empunhadas por outros membros da elite caldense.
A cidade de Caldas da Rainha é uma cidade simpática mas rigorosamente nada atraente para o turismo como dezenas de outras cidades portuguesas sem património histórico real e sem artesanato nem gastronomia próprias. A "marca" turística das Caldas não é a cidade mas o mar da sua costa e, eventualmente, o terreno de fusão (que seria harmonioso se não fosse o lixo) do ruralismo com o Atlântico.
Não vale a pena alimentar fantasias nem sonhos pessoais de grandeza como o têm feito alguns ilustres idiotas locais. O mar, o céu azul, o Atlântico a perder de vista, o tempo ameno, a praia, uma refeição ou uma bebida ou um café de qualidade à beira da água... Isto é que, em primeiro lugar, atrai turistas. O resto pode vir depois.
É pena que a elite citadina não o perceba. Até porque também perde quando os turistas não vêm.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Fechado por causa do mau tempo - Volto já!

Com o sol fugidio aqui na Região Oeste vou à procura dele, e de praia, para outras paragens, por uma semaninha.
Como se costuma dizer: volto já!
Desejo a todos os meus leitores uma Páscoa feliz.

Afinal, o título da "Gazeta" era mesmo tótó...

Há cerca de um ano, a "Gazeta das Caldas" excitava-se com a apresentação de um modelo de carro eléctrico da Nissan (que, como se sabe, foi pregar para outra freguesia, por assim dizer) e garantia: "O futuro já começou nas Caldas".
Mas não, escrevemos nós aqui: não começava nem nas Caldas, nem em sítio nenhum. Era mais um título tótó.
Parece que tínhamos razão, como se pode ver por este texto no jornal "i".
Não espero que a "Gazeta" nos queira dizer que alguém se enganou ou que foi enganada e que, por exemplo, nos conte quanto automóveis eléctricos é que foram vendidos no concelho nestes doze meses. Será, infelizmente, uma maneira de este jornal mostrar que é igual à imprensa nacional, que nunca se engana e raramente tem dúvidas...

domingo, 1 de abril de 2012

Caldas da Rainhal é capital do Roteiro Gay do Oeste com Costa e Carneiro a inaugurarem mega-sauna no Hospital Termal

Caldas da Rainha vai ser a cidade pioneira no centro do Roteiro Gay do Oeste, iniciativa da Turismo do Oeste em parceria com as câmaras municipais da região com início marcado para o próximo dia 1 de Maio.
O Roteiro Gay do Oeste, a grande aposta da liderança de António Carneiro, esteve quase a ser posto em causa pela decisão governamental de alterar a orgânica das entidades do sector do turismo mas a intensa pressão dos autarcas da Região Oeste e do "lobby gay" fez inverter a situação.
O Roteiro Gay do Oeste indicará, com um portal autónomo na "Rede Rosa" turística destinada aos turistas "double income, no kids", os estabelecimentos comerciais, de restauração e hotelaria, bares, discotecas e outros e praias em que os homossexuais masculinos e femininos poderão beneficiar de descontos especiais.
Os descontos serão facilitados pela redução, em cerca de 20 por cento, das várias taxas aplicadas pelas autarquias às entidades comerciais. A câmara das Caldas da Rainha é uma das câmaras aderentes.
Aliás, Caldas da Rainha é, claramente, a capital do Roteiro Gay do Oeste, concentrando o maior número de iniciativas. E os seus autarcas vão aparecer associados ao projecto.
O fim-de-semana alargado, de 29 de Abril a 1 de Maio, será aliás aproveitado para inaugurações dos vários espaços inseridos neste projecto turístico.
Abrirá nessa altura a mega-sauna "Phebra Termas" numa ala do Hospital Termal, que aproveitará as termas locais para dar um cariz de "spa" especializado a essa sauna, que será inaugurada pelos presidentes da Câmara Municipal e da Turismo da Oeste, respectivamente Fernando Costa e António Carneiro.
No mesmo fim-de-semana, serão inaugurados o novo Secretus Bar na Estrada Atlântica (com uma Festa Cor-de-Rosa encabeçada pelo vereador Hugo Oliveira), o bar lésbico "As Amorosas" na antiga Loja 107 (com a presença da vereador Conceição Pereira) e o novo espaço "Holy Glory" no centro comercial Vivaci que funcionará como "dark room" (com a presença do vereador Tinta Ferreira).
Se o tempo o permitir, abrirá também na Lagoa de Óbidos um espaço de praia exclusivamente destinada a nudistas e com zona de "cruising" com uma reunião ao ar livre da Assembleia Municipal, cujos membros deverão trajar a rigor.

Um crime de peculato praticado pelos presidentes das juntas de freguesia

Se isto é verdade, os presidentes das juntas de freguesia que o fizeram incorrem no crime de peculato, previsto e punido pelo artigo 375.º do Código Penal, que aqui se reproduz na íntegra:

 1 - O funcionário que ilegitimamente se apropriar, em proveito próprio ou de outra pessoa, de dinheiro ou qualquer coisa móvel, pública ou particular, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão das suas funções, é punido com pena de prisão de um a oito anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.
2 - Se os valores ou objectos referidos no número anterior forem de diminuto valor, nos termos da alínea c) do artigo 202.º, o agente é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa.
3 - Se o funcionário der de empréstimo, empenhar ou, de qualquer forma, onerar valores ou objectos referidos no n.º 1, é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.