quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O IVA dos restaurantes - calem-se por um bocadinho, pode ser?

É cansativa, e torna-se monótona, a campanha que o sector dos restaurantes e os sectores que estão ligados a este negócio andam a fazer contra a eventual subida da taxa intermédia de IVA (12%) a que estão sujeitos, ameaçando com falências, despedimentos e fecho de estabelecimentos.
Com a ressalva de que, neste negócio como em tantos outros, há decerto situações muito difíceis, convém anotar duas coisas:
1 - Quando a taxa de IVA baixou, no cavaquismo, os preços de venda ao público das refeições e dos produtos não baixaram. A "poupança" ficou em casa e não chegou aos clientes, que continuaram a pagar os mesmos preços.
2 - A estrutura de custos dos pratos, das refeições, das bebidas e dos simples cafés não é transparente. Um café, que nem entra nas contas para o IRC, está longe de custar os 50 ou 60 cêntimos (ou mesmo mais) cobrados ao cliente; o vinho à mesa chega a custar o dobro, ou mais, do preço de venda no retalhista; um bacalhau com grão custa ao cliente do restaurante bastante mais do que a soma dos custos dos diversos produtos, da energia que serve para os cozer e aquecer e da fracção de mão-de-obra que é empregue na confecção e no serviço.
Portanto: calem-se por um instante, está bem?

2 comentários:

  1. Duas correcções ao teu texto:

    - A actual taxa de IVA intermédia é de 13%, e não 12%.

    - Quem criou a taxa intermédia foi o 1.º Governo de Guterres e não o de Cavaco.


    Um reparo:

    Não tenho cafés ou restaurantes, mas assumir uma visão minimalista ao preço de compra dos produtos e ao seu preço de venda é um claro erro. Tens de pensar que muitos destes serviços tem pagar renda, pagar ao pessoal (independemente quer tido poucos ou muitos clientes no dia), pagar a agua da rede, electricidade, gás, licenças, impostos. Por exemplo o pagamento ao pessoal não tem qualquer iva a deduzir, e por isso todos meses é expectavel que isso tido de firmas tenha de pagar iva todos os meses/trimestres.

    Por isso é normal essas pessoas terem medo de verem o iva a aumentar em 10%.

    Mas a realidade é que tem de aumentar.

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  2. 1 - Registo os reparos: a taxa intermédia é, actualmente, de 13% (foi lapso) e foi criada, na realidade, em 1996.
    2 - Tenho ideia de que a restauração desceu para uma taxa mais baixa (seria a de 5%) com um dos governos de Cavaco Silva e lembro-me de ter reparado que os preços nas ementas não baixaram.
    3 - É verdade que a estrutura de custos na restauração é muito diversificada mas é também verdade que, muitas vezes, a margem de lucro é, por isso mesmo, considerável. O caso da "bica" ao balcão é o melhor exemplo.

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