sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O problema das Tasquinhas

Ao presidente da Câmara (como aqui assinalámos) fugiu a boca para a verdade e basta ver as edições desta semana do "Jornal das Caldas" e da "Gazeta das Caldas" para o perceber: o certame da Expoeste (que ainda mantém a designação de Expotur) não é mais do que as Tasquinhas (para utilizarmos a designação da primeira página da "Gazeta") e, nessa medida, não é muito mais do que um "mega-restaurante".
À partida, isso não é negativo. Os vários espaços têm, regra geral, coisas interessantes para comer, os preços são razoáveis e o serviço, esforçado, até se aproxima, e em alguns casos suplanta-os, dos padrões da indústria de restauração.
Só é pena, infelizmente, que o sistema de ventilação funcione tão mal que se acumulem os cheiros e que baste estar trinta minutos no local para ficar com as roupas a cheirar a fritos. E isso basta para que eu, que fui às Tasquinhas por três vezes no ano passado, não tencione lá voltar este ano. (É possível que o chefe do Turismo do Oeste goste do cheiro a fritos nas roupas mas eu não gosto.)
Não pode, no entanto, falar-se em "especialidades" gastronómicas. O que existe nos vários espaços não é muito diferente do que se encontra por aí, são poucos os pratos específicos das várias associações ou das suas cozinheiras e não há nenhuma verdadeira especialidade que possa ser apreciada individualmente ou, como agora ridiculamente se diz, degustada.
Como "mega-restaurante", e com a ressalva da ventilação, estaremos todos, mais ou menos, satisfeitos com as Tasquinhas.
Mas o certame da Expoeste não pode ser só isso. Ou, então, que o seja em plena coerência.
Falta-lhe, como aliás já assinalámos, o resto: artesanato, comércio e indústria (onde está a emblemática Fábrica Bordallo Pinheiro?), doces, vinho, fruta, actividades associativas, exemplos de animação cultural... ou seja, tudo o resto que faz parte da identidade própria de um concelho e/ou de uma região. Onde está o retrato exacto das freguesias (num caso reduzida a fotografias ampliadas, sem interesse nenhum)?
Além disso, a oferta não pode ser só visual, tipo montra. Há que encontrar produtos, sejam eles quais forem, que os visitantes possam comprar, do artesanato ao vinho, passando pela doçaria. E, acreditem os organizadores, há sempre quem compre. Não seria isso proveitoso para os produtores?
Aliás, por comparação com os anos anteriores, nota-se um empobrecimento na qualidade e na quantidade dos expositores.
Aparentemente, optou-se pelo mais fácil. Ou pelo mais barato. E isso chega para os jornais e para as luminárias que acreditam que o turismo que dá dinheiro à região são os empreendimentos faraónicos (onde está, na Expoeste, a previsão dos projectos turísticos que irão "enriquecer" o concelho?) e um "mega-restaurante" para a confraternização dos residentes do concelho e dos seus familiares.
O turismo - que é a única indústria de jeito que o nosso país tem, à mão, para desenvolver - não passa por aqui. E, se calhar, até foge... com o cheiro a fritos.

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