quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Fim de regime


Reparem bem no que está a acontecer a talvez menos de ano e meio das eleições autárquicas de 2013.

Fernando Costa, o presidente da câmara, não pode candidatar-se a outro mandato. Era, até agora, e como é habitual, o seguro de vida do PSD nas Caldas.
Tem dois sucessores, que são tanto candidatos a herdeiros como a usurpadores de trono, que são Tinta Ferreira e Hugo Oliveira.
Os dois vereadores entraram em competição pela nomeação como candidatos à presidência da câmara das Caldas pelo PSD. Mas nenhum deles garante os mínimos: Tinta Ferreira é arrogante, dá-se pouco por ele, é o "intelectual" de serviço, desconhecedor do "país real" que existe fora da cidade; Hugo Oliveira conhece a Foz do Arelho, promove-se melhor, segue as pisadas de Fernando Costa e percebe que os "shows" mediáticos são essenciais.
Nenhum deles, no entanto, será um bom presidente de câmara.
O PSD nas Caldas não tem oposição a sério.
O PS arrebitou, há uns três anos, quando começou a gizar-se a hipótese de uma candidatura de António José Seguro à presidência da câmara. Depois afundou-se na sua própria depressão.
O CDS não é oposição nem é "situação". Tenta, agora, beneficiar do encosto do poder central mas, como tantas vezes acontece, os seus dinamizadores perderam o rumo. Ressuscita quando há touradas e festas sociais mas, fora isso, também não se dá por ele.
O PCP e o BE, eternamente condenados a serem a "esquerda" das causas perdidas, excitam-se com os trabalhadores que se "incomodam" por terem de trabalhar e com a defunta Linha do Oeste. Berram (ou ladram?...) por algum tempo e depois remetem-se à apagada e vil tristeza que é um traço comum da oposição caldense.

Ninguém, que se note, conhece o concelho.
Todos estes políticos locais - que alimentam o sonho húmido de terem um lugar na câmara sem fazerem muito por isso ou de apanharem uma vaga ocasional na Assembleia da República - vivem da cidade e para a cidade.
A Assembleia Municipal é o seu mundo e transforma-se numa câmara fechada de prazer solitário: falam, falam, falam... rejubilam orgasmaticamente com as páginas que a "Gazeta" lhes dá e lamentam que o "Jornal" lhes ligue tão pouco.

O que se passa na cidade passa-se nas freguesias.
Os presidentes das juntas, pela sua generalizada falta de qualidade e de fundos, não chegam aos calcanhares de Fernando Costa. Um presidente de câmara activo, mesmo que ineficaz, é o modelo do que querem ser. Mas também não conseguem.
E, aí, o eclipse das oposições ainda é mais visível: aparecem nas eleições autárquicas com programas eleitorais típicos de associações de estudantes do secundário, onde cabem promessas, milagres, tudo e o seu contrário e mais um par de botas.
A falta de qualidade humana dos presidentes das juntas devia ser motivo mais do que suficiente para reduzir ainda mais drasticamente o número de freguesias.

O abandono das oposições, a ausência de dinheiro e de imaginação, a falta de qualidade humana dos políticos locais e o egocentrismo da elite citadina conduziram, nesta época de fim de regime, a que o concelho ficasse mais pobre, mais sujo, mais desinteressante, mais votado ao abandono e menos... turístico.
E certos monstros como o CCC ou a Comunidade Intermunicipal mostram, pela suas características de "elefantes brancos", que vivemos a duas velocidades: de um lado, o que é o pior; no outro, aparências de luxo (e seu usufruto por alguns...). No meio há um deserto. Político, social e cultural. E inevitavelmente económico.

O quadro será ainda pior se em 2013 não houver candidaturas fortes, eventualmente mais abrangentes, numa perspectiva "de salvação nacional" aplicada ao concelho, com programas inteligentes, exequíveis, esclarecidos e esclarecedores.
Acredito que os movimentos independentes podem desempenhar um papel fundamental no poder local. Não é só das comissões partidárias, das segundas ou terceiras linhas dos órgãos políticos ou das "jotas" que saem os políticos competentes.
Há, na nossa sociedade, pessoas competentes, dinâmicas, com ideias, com espírito de iniciativa, com conhecimento das limitações oficiais e da burocracia, honestas e conhecedoras do concelho em que vivem. Há entre nós uma meia-dúzia de bons presidentes de câmara e de juntas de freguesia. E não é difícil encontrá-los.

As épocas de crise encerram, por vezes, oportunidades únicas. O fim pode ser sempre o princípio de outra coisa.
Pensem nisso...

11 comentários:

  1. Genial, há que o admitir. E pleno de verdade, a meu ver.

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  2. Análise correcta e sábias conclusões. Só falta saber como vamos desatar este nó...

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  3. Ainda vamos ver o Manguito a ser candidato a qualquer coisinha. Espero que com o seu verdadeiro nome, para acabar de vez com todas as suspeitas...

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  4. Já não me parece que isso seja possível, por motivos muito pessoais. Mas agradeço a sugestão, que tomo como um elogio à minha intervenção pública.

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  5. Sr Manguito, isso é que era... Sempre víamos se também é um homem de obras ou se é só de palavras!!!!

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  6. Mas Sr Manguito, não falta alguém na sua equação??? A Drª Conceição??? Não entra nas suas contas???

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  7. Acha que não quer? Olhe que nunca se sabe! Se calhar é mesmo isso que ela quer!

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  8. A vereadora e deputada à Assembleia da República Maria da Conceição Pereira não quer ser candidata autárquica e por isso não a citei. Mas julgo que, no actual quadro das forças partidárias, seria a melhor opção.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. A culpa é do dr. Fernando Costa, que deixa tudo armadilhado: quem vier atrás que feche a porta...

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  11. Posso estar enganado, mas sinceramente acho que o Dr Hugo Oliveira é o melhor candidato! É o que representa futuro, é o único que representa evolução e não é "pau mandado" do actual presidente! Quer a Sr Mªda Conceição quer o Sr Tinta Ferreira, continuam a viver na sombra do Sr Fernando Costa, portanto, não servem!

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