quarta-feira, 9 de maio de 2012

As eleições autárquicas de 2013 (6): o dilema dos independentes

Fui, nos meus posts sobre as eleições autárquicas do próximo ano e antes disso, bastante favorável aos independentes organizados no Movimento Viver o Concelho (MVC). Mas agora já tenho muitas dúvidas depois de ter visto um documento que me chegou às mãos sobre o encontro "Qual Será a Minha Freguesia?", de 14 de Janeiro.
Trata-se de um documento em 24 páginas que não responde, nem de longe, ao lema da questão e que mergulha na lógica que, afinal, não é a dos cidadãos independentes mas dos interesses pessoais e partidários já instalados: ninguém ficará a saber qual será a sua freguesia mas terá de saber o que pensam alguns autarcas - e é sintomático ver a diferença que vai do atabalhoamento do presidente da junta de freguesia da Serra do Bouro para a certeza clara do presidente da junta de freguesia da Tornada - e, com algum esforço, perceber que há um grupo de cidadãos da Amadora com boas ideias.
Com esta iniciativa, os independentes do MVC podiam ter obtido um impacto significativo junto da população mas o que fizeram foi cair na lógica que dizem não ser a deles, dando o palco todo aos autarcas sem sequer conseguirem tirar conclusões de um encontro onde os cidadãos realmente independentes não viram ser debatido o problema da agregação das freguesias.
Os independentes do MVC já têm pouco tempo para mostrar que podem ter uma presença relevante.
Aqui o que fizeram foi dar um passo em frente para darem logo três atrás.
Em política, e com a devida vénia ao sábio Lénin que às vezes acertava, pode-se dar um passo em frente e dois atrás. Mais do que isso é suicídio.

2 comentários:

  1. Penso que tem toda a razão. O principio de que uma futura candidatura autárquica, criativa, competente e mobilizadora, só pode emergir num quadro de independência partidária, é realista e, mais do que isso, muito salutar.
    Todavia, a realidade é como é e, tratando-se de modificações que mechem com aspectos muito arreigados, no plano cultural, social e político, as coisas levam muitos anos a acontecedr e a consolidar-se.
    Por isso, é possível (tanto como desejável) uma próxima candidatura autárquica com um perfil predominatemente independente, mas o seu sucesso, por muito que isso nos custe, depende de um enquadramento partidário, ainda que muito controlado e com "peso e medida".
    E isto não tem nada de contraditório, muito menos no clima em que se vão processar as próximas eleições autárquicas: há enormes "sinergias" que vão emergir dos "descontentes" do PSD (sejam eles quais forem), dos (eternamente) "desiludidos" do PS e dos "insuficientes" do CDS que, cimentadas num forte (e muito credível)núcleo de independentes, tem todas as condições para se perfilar como ganhadora. Eu acredito!

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  2. Pois, caro(a) leitor(a), eu também quero acreditar mas o quadro que traça, parecendo-me sugestivo, parece-me também muito difícil de ser concretizado com êxito. Mas é uma hipótese interessante...

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