segunda-feira, 7 de maio de 2012

A feira das vaidades dos extraterrestres da Assembleia Municipal

Não são, visivelmente, deste mundo as criaturas que de vez em quando habitam esse órgão de discutíveis efeitos práticos que é a Assembleia Municipal de Caldas da Rainha, que se transformou numa espécie de passerelle de uma verdadeira feira de vaidades onde os representantes partidários se acoitam em verdadeiras orgias políticas para tentarem fazer prova de vida.
É ver o relato das mais recentes festividades da coisa aqui.
Os membros da Assembleia Municipal manifestaram-se contra a "liquidação" das freguesias, classificando-a como uma "chantagem".
A moção aprovada (pelos votos de todos com excepção do PSD, é do PCP e só falta nela o delírio do "pacto de agressão". Ou seja: que fique tudo na mesma. Pouco importa que a lei seja aprovada na Assembleia da República e posta em prática mais tarde ou mais cedo. O mundo real não conta para esta gente.
No meio desta irrealidade toda, o vereador Tinta Ferreira teve um intervalo de relativa lucidez: o importante é começar a pensar numa proposta que diminua o número de freguesias a extinguir no concelho. A questão fundamental não é esta, no entanto: é saber como aproveitar a oportunidade aberta pela obrigatoriedade decorrente de uma lei nacional para reformular da melhor maneira a divisão administrativa do concelho.
A mesma irrealidade paira no caso da lei que obriga as câmaras a só fazerem despesas quando tiverem provisões para elas (e que tem a designação curiosa de Lei dos Compromissos).
Nenhum dos extraterrestres que compõem a Assembleia Municipal se mostra inquieto com a faraónica Comunidade Intermunicipal do Oeste. Devem ter visões orgasmáticas de poder quando pensam no mostrengo arquitectónico que é a sua sede. Ou cartões de crédito de luxo e ordenados ainda melhores. Por isso, estão contra a lei: que se gaste, que se gaste sempre, é na prática o que defendem. Depois o povo que pague a conta.
Uma distinta representante do PS, que por acaso é bióloga, mostrou-se preocupada com as perdas de água e com a qualidade da água que pagamos quase ao preço da gasolina, quando se tratou das contas dos SMAS que - pudera, com o custo de luxo da água! - ficaram com um saldo disponível de 211 mil euros para este ano.
Sendo tudo gente que mora na cidade, onde no entanto também há rupturas, nada sabem do estado de podridão da rede de abastecimento de água nas freguesias rurais nem do estado das vias onde se amontoam buracos, crateras e reparações daquelas de atirar alcatrão para cima e está a andar.
O mundo real é uma coisa, a vida deles é outra, entre a casa, o trabalho, o café sempre dentro da protecção das muralhas psicológicas da cidade e uma deslocação episódica à Assembleia Municipal para poderem pôr no currículo que já fizeram parte de uma.
De que planeta é que terão caído estes espécimes?

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