Não acredito que alguém, ou alguma entidade (e muito menos essa bizarria que dá pelo nome de Turismo do Oeste), saiba quem são os turistas estrangeiros que visitam a Região Oeste, de onde vêm, quais os interesses que os movem e quanto vêm gastar.
O mais aproximado que existe são os inquéritos de rua da “Gazeta das Caldas” e não se lhes pode negar o interesse empírico de contribuírem com esses elementos para um retrato dos turistas estrangeiros. Quanto aos turistas nacionais (com visitas à região superiores a um dia, ou com uma pernoita, por exemplo), o desconhecimento ainda é pior.
Na melhor das hipóteses, o desconhecimento desse público está na origem da paralisia e das incongruências que rodeiam a oferta turística (que, organizadamente, é inexistente) na região. Mas a realidade será mais esta: há quem, em cargos de relativa responsabilidade tenha dinheiro e algumas vagas ideias feitas e se lance em acções que oscilam entre o desperdício tonto de meios e a ineficácia e quem, sem ideias ou interesse, se afunde na negligência.
De um lado temos os sonhos do golfe como único factor de atracção (e não é, e não há nenhum campo neste concelho, embora haja no concelho vizinho de Óbidos), de empreendimentos de luxo (como o mirífico empreendimento do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica que, se chegar a sair do papel nos próximos anos, se transformará num gigantesco “elefante branco”) e campanhas ilusórias (e invariavelmente deficientes) em que podem gastar à tripa-forra.
Mas, do outro, temos a mais comezinha das realidades.
É o lixo que se amontoa nas bermas das estradas e nas árvores, é uma cidade esventrada por obras que depois avançam aos bochechos, é a degradação da zona de praia (os escombros da Foz do Arelho e a draga, bovinamente aceite), é o culto de um “jet set” de terceira linha, é o desaparecimento do transporte exclusivo de acesso à praia que podia ter sido racionalmente rentabilizado, é uma elite social e política local que se satisfaz pela contemplação do próprio umbigo e que não conhece mais do que a sua pequena cidade, é a feira das “tasquinhas” (mal ventilada e inevitavelmente geradora de conflitos, por não se conseguir renovar), é um conjunto de autarcas de vistas curtas, é a inexistência de ofertas emblemáticas do concelho para consumo turístico.
Resolver, de vez, esta colecção de desinteresses e de negligências teria, decerto, um custo muito inferior ao das campanhas manhosas das entidades oficiais.
Óbidos, Alcobaça e Bombarral têm – com mérito próprio e com pequenos truques de marketing (como é o caso do chocolate de Óbidos) – um papel de liderança e de preponderância na oferta turística da Região Oeste que já deixou Caldas da Rainha para trás.
E, nesta circunstância, Caldas da Rainha nunca será turisticamente relevante nem nunca recolherá os frutos (económicos e financeiros) do turismo.
domingo, 25 de setembro de 2011
Turismo no Oeste: dos sonhos de luxo ao lixo da negligência
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